14 de mar. de 2011

Indústria se une para agilizar crescimento da energia solar no País


A indústria brasileira ligada à energia fotovoltaica, gerada a partir do sol, começa a estudar meios para acelerar o desenvolvimento da fonte no País. A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) já reúne mais de 50 empresas dentro do recém-criado Grupo Setorial de Sistemas Fotovoltaicos para discutir o tema. Segundo o coordenador do grupo, Leônidas Andrade, da Dupont, os encontros vêm acontecendo regularmente desde janeiro.

"As empresas que estão frequentando as reuniões representam toda a cadeira da indústria fotovoltaica, desde a área de silício até as empresas que tomam sob sua responsabilidade a instalação de grandes centrais fotovoltaicas, passando por produtores de equipamentos", explica Andrade. Ele ainda detalha que foram criados grupos de trabalho para tratar quatro questões específicas de interesse do setor: normas, mercado, leilões e tributação.

De acordo com Andrade, é importante que sejam conduzidos estudos para pensar uma regulação adequada para a fonte. "A indústria fotovoltaica no Brasil ainda é muito incipiente. O mercado aqui é muito restrito, as empresas precisam de uma sinalização para poder investir em produção de equipamentos, módulos, células", argumenta o executivo. Ele revela que, atualmente, a demanda está quase totalmente concentrada no próprio governo, que investe em instalações solares para atender lugares isolados, por meio do programa Luz Para Todos.

Esse aspecto, segundo Andrade, também faz com que mais de 95% das aplicações por aqui sejam off grid - não conectadas à rede, enquanto, no mundo, a realidade é a contrária: mais de 95% dos sistemas são ligados ao sistema elétrico. Assim, uma das funções do grupo da Abinee será estudar como a geração fotovoltaica tem se expandido no mundo para definir caminhos que poderiam ser viáveis no Brasil.
Uma das alternativas seria a geração distribuída, apontada pelo executivo como "a mais bem sucedida" nas experiências internacionais. O modelo é baseado na microgeração, com empresas ou mesmo consumidores de pequeno porte podendo instalar módulos solares e para vender energia à rede por uma tarifa incentivada.

Outra ideia, que é abordada dentro do grupo de trabalho "Leilão", é a de que certames para a contratação de usinas solares de maior porte, promovidos pelo governo, poderiam alavancar a fonte de uma vez. "É uma forma de se começar a demandar grandes volumes para sinalizar para a indústria que o Brasil está efetivamente considerando a fonte. Não um leilão isolado, mas alguma coisa programada ao longo de vários anos", aponta Andrade. O diretor acredita que licitações para viabilizar algo entre 100MW e 200MW nos próximos cinco ou dez anos animaria os investimentos no setor.

O coordenador lembra que existem estudos da Universidade Federal de Santa Catarina que mostram que a energia fotovoltaica pode se tornar competitiva em quatro ou cinco anos. "O preço tem caído consistentemente e de forma acentuada. Mas não podemos esperar essa paridade (tarifária) chegar para tomarmos iniciativas. Precisamos fomentar a indústria fotovoltaica no Brasil e isso tem um tempo de maturação e de aprendizagem. Se esperarmos mais alguns anos, nos tornaremos importadores de equipamentos, porque esse tempo vai ter passado", enfatiza o executivo.

Andrade afirma ainda que, desde antes da criação do grupo setorial, a Abinee mantinha contatos com os ministérios de Minas e Energia, Desenvolvimento e de Ciência e Tecnologia. "Temos sentido interesse por parte do governo e também tivemos sinais positivos de que um grupo respondendo pela área fotovoltaica tornaria o diálogo muito mais fácil. Temos sido muito bem recebidos pelo governo e pela academia". Ele também destaca o grande interesse das próprias empresas, que aderiram rapidamente ao grupo. "O importante é essa tomada de posição. O Brasil não pode prescindir da energia fotovoltaica em sua matriz, porque ela, sem dúvida alguma, é a energia do futuro".

Studio Equinocio

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