2 de fev. de 2011

Em fase de reconstrução, Nova Orleans conta hoje com edificações mais sustentáveis e solares.



No dia 29 de agosto de 2005, o furacão Katrina provocou uma devastação sem proporções na cidade de Nova Orleans, a maior do estado da Lousiana, nos Estados Unidos. Passados mais de cinco anos, a região que é conhecida como o “berço do jazz” é exemplo de sustentabilidade em razão do uso de energia solar nas construções de prédios e casas.

Há cerca de cinco anos, o Katrina destruiu tudo pela frente com ventos de 205 km/h que deixaram a cidade praticamente submersa, depois do rompimento de 50 diques. O saldo de mortos foi de 1.464 pessoas, e os prejuízos pelo furacão foram calculados em US$ 135 bilhões – o governo federal gastou US$ 120,5 bilhões na recuperação da cidade.

Atualmente, poder público, grupos de investimento, universidades e ONGs como a Global Green e a Make It Right, do ator Brad Pitt, têm investido na eficiência energética de casas, edifícios e escolas. Só para se ter ideia, a cidade abate hoje 50% dos impostos de quem usa painéis solares, e a prefeitura quer aumentar o incentivo fiscal, o maior do país, para 80%.

Global Green fornece recursos para a reconstrução de casas e escolas. Por meio do Green Schools Project, cada escola recebe US$ 75 mil – desde que siga parâmetros de construção sustentável, como o sombreamento de fachadas para evitar o uso de ar-condicionado, o emprego de cisternas para captação de água das chuvas e a utilização de 100% de lâmpadas fluorescentes.

“Ajudamos a reconstruir 12 das 88 escolas da cidade, cinco casas e temos um projeto de conjunto habitacional”, destacou ao Estadão Matt Petersen, CEO da Global Green, que abriu um escritório na cidade logo após o desastre. A entidade também auxilia os cidadãos que desejam erguer casas e prédios ou restaurá-los com base na certificação Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), concedida pela ONG U.S. Green Building Council (USGBC), de acordo com os critérios de racionalização de recursos como energia e água.
O braço da Global Green em Nova Orleans foi concretizado quando Petersen conheceu a advogada da área ambiental Elizabeth Galante, nascida na cidade. “Eu buscava uma maneira de ajudar a reconstruir a cidade sem cometer os mesmos erros que intensificaram a tragédia”, relatou a advogada.

Passado sujo, presente verde
Elizabeth Galante também lembrou que Nova Orleans, hoje referência em energia renovável, tem um passado nada verde. “A companhia de energia era conhecida nacionalmente como uma das menos sustentáveis do país. Quando começamos a atuar, por exemplo, era ilegal conectar painéis solares com a rede de energia da cidade. E ninguém sabia como construir com sustentabilidade aqui. Não tínhamos expertise”, acrescentou.

Outro obstáculo às construções ecologicamente corretas na cidade era a urgência, uma vez que a população queria refazer os edifícios e casas o mais depressa possível para voltar à normalidade. “Tivemos que explicar às pessoas que não adiantava construir com materiais baratos e pouco eficientes novamente. Sair construindo seria uma solução imediata, mas outra ameaça em longo prazo.”

Para saber mais sobre as construções verdes, a cidade organizou um campeonato de design e arquitetura no verão de 2006. Participaram 125 escritórios de todo o país com vasta experiência em arquitetura sustentável, além de uma série de empresas locais. O ator Brad Pitt foi um dos jurados e o resultado da competição foi o Holy Cross, projeto da Global Green de conjunto habitacional com 18 unidades. A construção vai produzir uma boa parte da energia que consome.

O concurso selecionou um escritório de Nova York e, segundo Elisabeth, proporcionou uma “rápida e excepcional troca de conhecimento entre os escritórios de fora, com experiência em construções verdes, e os locais, com o conhecimento da realidade climática de Nova Orleans.”

“Um dos desafios é reinventar a cidade de um jeito melhor e mais sustentável, mas com o cuidado de preservar os nossos referenciais culturais. Não é o caso de construir uma nova cidade, mas sim de fazer uma Nova Orleans melhor”, concluiu Elisabeth Galante.

Com informações do Estadão.com /EcoD

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