Erguidos dentro dos padrões da construção ambientalmente correta, os prédios residenciais ecológicos se tornam, aos poucos, realidade no país e já atraem consumidores.
A água da chuva é recolhida em calhas para ser reaproveitada na irrigação do jardim. O óleo que fritou o bife no almoço, em vez de jogado pia abaixo, vai para um duto de coleta próprio, de onde segue para reciclagem. Medidores de água são individuais e a energia que aquece o banho e a piscina vem de fontes renováveis, como coletores solares.
Seguindo padrões de construção sustentável, os prédios residenciais verdes se tornam, aos poucos, realidade nas principais capitais do país. E os atrativos vão além dos simples cuidado com meio ambiente, eles refletem positivamente no bolso do consumidor. Apesar de custarem mais caro no começo (entre 5% e 7%), os edifícios sustentáveis garantem economias consideráveis na conta de luz e no condomínio de até 40%.
Quinto país no ranking global de prédios verdes, o Brasil conta atualmente com 26 empreendimentos residenciais em processo de certificação junto as duas únicas instituições no país que concedem o título de "construção verde". Dezessete pleiteiam o Leed, concedido pelo Green Building Council, e os outros 9 buscam a certificação Aqua, da Fundação Vanzolini. Já é possível encontrá-los nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Ceará e Porto Alegre.
"Os consumidores finais estão cada vez mais exigentes e buscam prédios com o selo", afirma Luiz Henrique Ferreira, engenheiro civil e diretor da Inovatech, consultoria responsável pelo condomínio True Chacará Klabin, primeiro residencial de São Paulo a receber a certificação Aqua para a fase programa. "A certificação enxerga aquilo que não conseguimos ver no estande de venda. Dá segurança ao comprador e credibilidade ao empreendimento", diz ele.
Até agora, o filão do mercado de prédios verdes tem sido os empreendimentos comerciais. Pelo menos 50 edifícios deste segmento já foram certificados e mais de duas centenas deles aguardam o selo. O interesse empresarial se justifica. "Esse público leva em conta o custo com condomínio e conta de luz dos escritórios, além de agregar valor à marca", diz Marcos Casado, gerente técnico do GBC Brasil, braço nacional da instituição americana. "Já o consumidor comum ainda cultiva a ideia de que prédio verde custa muito caro".
Mesmo sem uma demanda alta por parte do público consumidor, as construtoras apostam neste segmento, com os olhos no futuro. Em Porto Alegre, a Joal Teielbaum é responsável pelo primeiro residencial do Brasil a receber a certificação Leed, que deve sair nos próximos meses.
O condomínio Príncipe de Greenfield, em Mont'Serra, bairro nobre da região, possui aquecimento d´água por painéis solares, telhado ecológico, coletores de água da chuva, iluminação eficiente, paisagismo com árvores nativas, coleta seletiva e uma séria de outras características que o tornam digno do título de verde.
Todos os 53 apartamentos já foram vendidos, cada um custou em média R$ 350 mil, na planta. Hoje, segundo Cládio Teitelbaum, diretor de Qualidade e Relacionamento com o Cliente da empresa, há quem receba proposta de R$ 800 mil e se recuse a vender. "Para além do valor ambiental, sustentabilidade se traduz em ganhos econômicos", ressalta.
A grande maioria dos clientes é de jovens solteiros ou recém-casados, na faixa de 30 e 40 anos. Para muitos trata-se do primeiro apartamento. Foi a combinação entre consciência ambiental e redução de custos com o condomínio que atraiu o advogado Sebastião Ventura Pereira da Paixão Júnior, de 31 anos. "Eu procurava um lugar que me garantisse conforto, economia e contato com a natureza. E apesar de todos os diferenciais do prédio, ele tinha preço muito similar ao de outros condomínios convencionais", diz. Nada mal para um primeiro apê.
Studio Equinócio
Fonte: http://exame.abril.com.br/
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