14 de mar. de 2011

Israel investe em tecnologias avançadas para captação de energia solar


No Deserto de Arava, no Sul de Israel, os kibutzim iniciam uma verdadeira revolução. Quem passa pelo local pode ver o gado e as plantações dividirem espaço com imensas placas de células fotovoltaicas e equipamentos de alta tecnologia. As comunidades agrícolas começam a se transformar em coletividades energéticas. É o primeiro passo para a realização do sonho do ex-premiê David Ben-Gurion: garantir o desenvolvimento das regiões desérticas, que compreendem 60% do território do país. “Existe espaço para apenas um primeiro-ministro, mas, para aqueles que fazem o deserto florescer, há espaço para centenas, milhares e até milhões”, declarou Ben Gurion. O fenômeno representa ainda a semente da Iniciativa de Energia Renovável Eilat-Eliot, projeto arrojado que, até 2020, pretende tornar 10% do território israelense dependente exclusivamente de fontes de energia renovável.

A 50 quilômetros ao Norte do balneário de Eilat, o kibutz Ketura inaugurou, em 22 de fevereiro, a primeira planta de energia solar de Israel. Com capacidade para produzir 9 milhões de quilowatts-hora por ano, ela será conectada ao sistema elétrico em setembro e abastecerá três kibutzim. “O Ketura Sun é feito de 18,5 mil painéis solares fotovoltaicos. As linhas de força conectarão as regiões Norte e Sul do país”, explica John Cohen, CEO da Arava Power Company (APC), responsável pela obra. De acordo com o executivo, o Ketura Sun Project é um programa “vital, pioneiro e inovador” que pavimenta o caminho para uma linha total de 200 megawatts no entorno de Eilat.

“Ele simboliza a transição da visão para a realidade, estipula normas e tem acelerado o processo de intercâmbio com as autoridades”, observa Cohen. “Criamos o mapa da estrada para o sucesso solar”, comemora. Até o momento, 100 milhões de shekels israelenses (equivalentes a cerca de R$ 43,8 milhões) foram investidos no Ketura Sun. O empresário conta que todos os moradores do kibutz estiveram totalmente envolvidos no planejamento e nos detalhes da interligação com a Companhia Elétrica de Israel. “Alguns levantaram dúvidas sobre as radiações solar e eletromagnética, mas, por meio de pesquisas, provamos que a produção desse tipo de energia é 100% verde e segura”, comenta Cohen.

Espelhos
Também no kibutz Ketura, outra tecnologia desponta como potencial alternativa de energia limpa. O Verilite Verix 800 inclui dois conjuntos com 45 espelhos planos e uma torre com 18 concentradores da luz solar formados por células fotovoltaicas. “A energia é coletada a partir de uma grande área com espelhos normais e direcionada aos concentradores”, afirma Eyal Richter, CEO da Verilite Ltd. O resultado: um ganho 800 vezes maior em absorção energética do que os painéis comuns. O sistema pode obter até 4kW em uma área de cerca de 200cm². “As vantagens são seu baixo custo, obtido pela combinação de coletores baratos (a cama de espelhos planos) com a conversão de alta tecnologia, e uma produção anual de mais eletricidade do que os painéis de silicone normais.” Comparado a um sistema fotovoltaico de silício, o Verix 800 geraria 30% mais eletricidade (em quilowatts-hora) em um ano.
Segundo Richter, esse ganho em energia pode ser explicado por dois fatores. Em primeiro lugar, o sistema “rastreia” o Sol e movimenta os espelhos e os concentradores para conseguir uma melhor captação da luz. Em segundo lugar, ele não corre o risco de perder até 30% de sua eficiência ao superaquecer, como ocorre com as células fotovoltaicas. O custo de instalação do Verilite Verix 800 é de cerca de US$ 3,5 por watt — em quatro anos, a expectativa é que ele caia para US$ 2. “Cerca de 70% da fabricação pode ser feita localmente, próximo ao ponto de instalação do projeto”, observa Richter.
* O repórter viajou a convite da Embaixada de Israel

Studio Equinócio

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