30 de jan. de 2011

"Diferentemente do discurso estabelecido, especialistas defendem que energia solar já é a mais barata hoje"



 O Discurso empolgado e literalmente energético do professor Felipe Café, especialista em energia solar e fontes alternativas, deixou uma plateia inteira com a pulga atrás da orelha. Afinal, com tanto sol, porque o Brasil está ficando para trás no uso desse recurso natural para aquecimento de água e produção de energia fotovoltaica. Não somos um país com "verão o ano inteiro"? Os argumentos dele foram corroborados pelo consultor Rafael Kellman, doutor em engenharia de sistema pela Coppe: todo mundo diz que energia solar é muito caro. O que a dupla se empenhou em mostrar é que esta visão é totalmente errada. A energia solar é bastante competitiva já hoje, sem que a tecnologia esteja absorvida pelo mercado. 

"Quando se cria mercado, para a produção em escala, e esta energia entra numa rede elétrica inteligente, com um marco regulatório amigável, a economia será enorme e o impacto ambiental reduzidíssimo", disse Felipe. Para o especialista, a implementação é apenas uma questão de vontade política e por uma dificuldade de enquadrar a energia solar num modelo centralizador, já que ninguém é dono do sol. "Se querem energia carvão, já sabem quem vende, as minas. Se querem óleo e gás, é só ir aos postos. Tudo isso tem valor econômico mensurável. E o sol? Por isso é mais fácil para o governo dizer que é inviável", criticou Felipe. "Todas as outras energias tem limitações. O petróleo tem previsão de acabar em 2040. O sol é renovável, inesgotável".
A energia solar é usada, de maneira mais simples, no aquecimento de água. Em Belo Horizonte, por exemplo, as edificações já precisam prever a instalação desses aquecedores. O outro uso é o fotovoltaico, que transforma a luz do sol em energia elétrica que pode ser incorporada à rede pública. "A energia solar é a mais barata de todas. Um dos motivos é que o caminho dela até a nossa casa é o mais curto. A geradora de energia está no meu telhado. A energia da usina hidrelétrica ou termoelétrica está lá longe, cada vez mais., percorre um caminho caríssimo até a tomada". 
Outro exemplo que impressionou a plateia é o consumo dos telefones celulares e periférico sem fio. Uma pesquisa recente provou que todos os telefones celulares da Alemanha consomem o mesmo que toda a capital do país, Berlim. "Imaginem o Brasil, com 200 milhões de celulares?", perguntou Felipe. "Ninguém se questiona se a bateria que vem no aparelho é cara. Se viesse já incorporada uma plaquinha de energia fotovoltaica, todos aceitariam bem." 

Rafael Kellman aproveitou sua fala para mostrar como a energia solar fotovoltaica é interessante economicamente. Otimista, ele acha que, no Brasil, o Rio vai liderar a implementação dessa fonte de energética. Vale lembrar que hoje os produtores entram nas licitações sem qualquer subsidio. Através de gráficos, Kellman mostrou que, no Rio, a diferença de produtividade de energia solar no inverno e no verão é de apenas 20%. Ou seja, bem mais interessante que a nova usina de Belo Monte, por exemplo.

"Em Belo Monte a usina foi construída pensando em toda sua capacidade de geração na cheia. Mas durante a vazante, quando há muito menos água, o que acontece num longo período do ano, ela produz 15 vezes menos energia. É um grande desperdício de dinheiro público. É nisso que todos precisam pensar", criticou.
De acordo com estudos, há locais no planeta, como alguns pontos da África, se fossem instalados centros de geração com placas fotovoltaicas, daria para abastecer todo o planeta, tamanho o potencial.

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